27 outubro 2006

Sobre o I Encontro de Licenciados em Ciências da Educação

No I Encontro de Licenciados em Ciências da Educação, realizado nos dias 29 e 30 de Setembro estiveram licenciados e alunos de Lisboa, Coimbra, Porto, Algarve, Minho e Madeira!

O Painel I foi relativo à relação entre a educação e a formação e o papel do LCE enquanto agente de intervenção.
Cristina Rodrigues, do IEFP falou, falou, falou... sobre as oportunidades de formação "oferecidas" pelo IEFP e todos os centros de emprego, cursos de aprendizagem, cursos efa, RVCC, ... concluindo que existem grandes oportunidades de educação e formação para os jovens e adultos no país!!!

Alexandra Figueiredo, da DGFV, abordou o tema do reconhecimento, certificação e validação de competências nomeadamente o sistema RVCC. Sublinhou que há competências que poderão sempre ser aplicadas e desenvolvidas no RVCC.
Considera que as áreas em que um licenciado em Ciências da Educação (LCE) pode intervir são:
- planificação
- desenho curricular
- observação
- avaliação
- formação.... para as quais considera estarmos bem preparados!
Além disso falou de dados e números: 94 centros, 450 profissionais entre os quais 38 licenciados em CE, com as funções de directores de centros, coordenadores, profissionais do reconhecimento.
No entanto, verifica-se um grande descontemtamento em relação à posição do ME sobre a área de cidadania e empregabilidade, no RVCC, pois foi definido que só pode ser formador da área quem tem certificação para a docência, excluindo os LCE.
De acordo com a oradora, as principais competências profissionais dos LCE são a sistematização da informação, a capacidade de investigação, avaliação, análise crítica, em suma, a organização. Competências que considera serem reconhecidas ao nível da produção de conhecimentos e de soluções para problemas educativos.
Uma visão optimista...

Seguiu-se Fernanda Marques, Presidente da Comissão Executiva e Directora do CRVCC da Associação Nacional de Oficinas e Projecto (Lic. Relações Internacionais e Mestre em História).
Lançou algumas questões sobre as políticas de educação de adultos em Portugal:
- periférica ou central?
- Instrumental ou estratégica?
- Pontual ou constante?
- única ou plural?
Parece estar a ser periférica, instrumental, pontual, plural...
É determinante em qualquer processo de educação e formação de adultos ter em linha de conta a promoção da autonomia do sujeito!! Colocar nas suas mãos o desenho, os modos e os tempos do seu percurso educativo e de qualificação.
Isso coloca em causa as propostas de educação formal! É importante apostar na educação informar e não formal. O formal depende e é alimentado pelos contextos não formais e informais.
"Aprenditecas" como espaços de auto-aprendizagem e partilha;
e os espaços de cooperação e partilha comunitária e intergeracional:
jovens e idosos, entrajuda e voluntariado.
Como articular, organizada e intencionalmente o Formal e o Informal?
Como favorecer intervenções de promoção da Autonomia?
- espaço de acolhimento
- organização da relação entre o cliente e o prestador do serviço
- dimensão local
- novas figuras profissionais
- novos espaços
- novas metodologias
- novas ferramentas
Produzir uma boa prática de articulação entre o Estado e as organizações da sociedade civil não governamentais ou não estatais...
Os LCE revelam capacidade de dialogar com a psicologia e de sintetizar e harmonizar a/com a sociologia.
Deveremos ser Facilitadores e Conceptores de Projectos de Intervenção - Agentes de Mudança!! Noção de "criar o homem-novo"!
Lançou as questões:
- Intervir para remediar ou intervir estrategicamente para desenvolver?!!!

Nem imaginam perante este cenário, as comunicações realizadas e as questões lançadas o debate que se seguiu e a "troca de palavras" entre profissionais da educação e formação e políticos ou representantes do estado, chefias centrais.... Grande intervenção do Prof. Licínio Lima (Universidade do Minho)!!


Depois do almoço já tarde, com a sessão atrasada cerca de 1h, voltámos...
PAINEL II - Animação e Desenvolvimento Local: espaço para educação e cooperãção
Vitor Lourenço, Representante da Associação Nacional de Municípios Portugueses iniciou as comunicações, sobre o qual apenas registei a necessidade de trabalho social em rede (redes sistematizadas e estruturadas na sociedade civil): público, privado, associativo.

Seguiu-se uma LCE ou Técnica Superior de Educação, Andreia Santos, da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
Na sua opinião, ao nível do poder local, o papel de um LCE centra-se em:
- intervenção socioeducativa
- projectos de educação e desenvolvimento comunitário
- formação profissional e gestão da formação
- ocupação dos tempos livres
- educação de adultos
- animação cultural
- ...
E pouco mais....!! Uma apresentação em PWPT, com um timbre fechado e uma pronúncia do norte...

Seguiu-se uma comunicação interessante, acompanhada de uma apresentação agradável, por parte de Maria Emília Bigotte, do Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola, de Coimbra.
Um projecto rico sobre "aprender a ser", seguindo a pedagogia e o movimento da escola moderna, criado pela associação de pais, numa escola, que infelizmente foi terminado este ano lectivo devido ao prolongamento das actividades lectivas do 1º ciclo, o que não permitia o desenvolvimento das actividades pela associação...
Ou melhor, segundo a oradora com a imposição da "Escola a tempo inteiro" o sonho terminou....

Seguiu-se o lanche e pausa para café...


PAINEL III - Organização, Administração e Gestão da Educação: políticas e práticas
José Bravo Nico, Professor na Universidade de Évora, apresentou um projecto desenvolvido na sua aldeia, baseando-se na APRENDIZAGEM: querer aprender, poder aprender, decidir aprender e gostar de aprender!! Oportunidades, vontades, capacidades. Mistura-se tudo... e na Escola Comunitária da São Miguel de Machede nasceu o projecto: Portal Mosaico Micaelense (www.mosaicomicaelense.com), o site oficial da Vila de São Miguel de Machede.
Como aconteceu?
Foi criada a figura de Gestor Pedagógico de Freguesia (!!!!), vestida por uma LCE!! Não havia o perfil para estágio profissional, no IEFP. No entanto pais, famílias, crianças, directores de turma da escola conseguiram pressionar e levar a cabo... Criou-se esta figura na freguesia para conciliar actividades educativas na vila!
Actualmente não há enquadramento legislativo para o perfil mas existem algumas pessoas nesta situação.
A LCE da Vila tornou-se gestora de processos individuais e colectivos de aprendizagem, facilitadora de sinapses...

Seguiu-se Paulo Topa, da Comissão Instaladora da Escola da Ponte. Apresentou o projecto da escola, a sua organização, projectos, desenvolvimento curricular, etc...
Pilares essenciais do Modelo Educativo da Escola da Ponte:
1) Autonomia: assembleia de escola, auto-planificação, auto-avaliação, projectos, biblioteca,..
2) Responsabilidade: grupos de responsabilidade, preciso de ajuda, mapa de presenças, gestão do currículo.
3) Solidariedade: grupos heterógeneos, posso ajudar, comissão de ajuda.
4) Liberdade: acho bem e acho mal, direitos e deveres, gestão do meu trabalho,..

Para encerrar o painel, como não podia deixar de ser, Licínio Lima deu voz aos seus pensamentos e reflexões, facilitando a digestão de tudo o que tinha sido vivido ao longo do dia...
Onde reside a diferença entre aquilo que os LCE fazem e sabem fazer e os docentes?!!
Segundo o Professor, os LCE...
... fazem um pouco de tudo!
Têm uma sólida formação, muito vasta, de banda larga!! São capazes de conhecer e analisar os fenómenos educativos... Integram saberes complexos, pois têm uma formação teórica aprofundada!!
!! Pluriparadigmáticas!! Paradigmas conceptuais e teóricos.
Não somos engenharia, nem os medicamentos nem a terapia para a educação!!
Somos especialistas em generalidades educativas.

João Cravino, do IEFP, nomeadamente da Clasificação Nacional de Profissões afirmou que a posição dos LCE nos Centros de Emprego é na Família 2!! - Por isso já sabem onde se situarem quando tiverem de se inscreverem num centro de emprego...
Segundo ele, o quadro comunitário a iniciar no próximo ano vai previligiar as áreas de intervenção dos LCE, nomeadamente, no campo da formação profissional e no RVCC da região centro.

Luís Alcoforado, Prof. da Universidade de Coimbra sublinhou a plasticidade das Ciências da Educação, a importância da educação permanente, e das histórias de vida (método biográfico - Paulo Freire).

Foi o 1º Dia do encontro, muito intenso, recheado de contactos, conhecimentos, trocas de experiências, situações profissionais, vivências, projectos... Reflexões!
Para terminar em bem realizou-se um jantar, com direito a sarau cultural, animado pelos trovadores de Leiria.. Conversas, risos, dança...

O 2º Dia fica para descrever depois....

Agora não se esqueçam de partilhar também as vossas experiências, pensamentos, eventos... em Ciências da Educação!! Para continuarmos esta comunidade...

Joana Viana